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SÓ AS FERIDAS LAVADAS CICATRIZAM: VOZES FEMININAS EM SALAS DE TORTURA

SÓ AS FERIDAS LAVADAS CICATRIZAM: VOZES FEMININAS EM SALAS DE TORTURA
Esta obra interage com as vozes das sequestradas na Ditadura civil-empresarial-militar (1964-1985) no Brasil, vítimas do silenciamento proposital através do esquecimento provocado, também, pela amnésia planejada. Elas foram sequestradas, torturadas, exiladas e muitas mortas e desaparecidas. Depois de um tempo de reclusão e falta de oportunidades, suas vozes vêm à tona, com lugar de fala e de dever de memória, e testemunham sobre as violências sofridas enquanto vítimas de agentes do estado em salas de tortura. Neste contexto, fez-se importante investigar, refletir e construir esta obra que se constitui em oportunidade de expor interpretação de fatos ainda presentes em nossa formação sócio-histórica e política. Com as vozes femininas, com olhar analítico e a partir de suas histórias de vida, este texto reconhece-as como partes integrantes de uma sociedade que deseja não mais vivenciar violências de agentes de repressão que as produzem e as executam em nome do Estado e de ideologias, notadamente de extrema direita. Este livro, então, ao considerar a memória como um compromisso ético, moral e artístico na busca da justiça, faz coro aos que almejam, no dever de memória, salvar as vítimas da amnésia, resgatar seus passados em suas vozes, suas vidas, falas, imagens, testemunhos das que foram acometidas do silenciamento institucionalizado pelo Estado e na denúncia dos algozes que não foram julgados porque anistiados pela Lei de Anistia (1979), e que ainda estão por aí, como os que em 2025 querem ser também anistiados em mais uma tentativa de golpe no Brasil. Faz-se importante, portanto, mostrar a presença da tortura em seu contexto histórico e cultural, lugar de memória, nos testemunhos presentes no Relatório Final da CNV (e obras de apoio), com discurso e genealogia e lugar de pertencimento, haja vista a urgência no Brasil da necessidade de lembrar, constatar, investigar, mostrar, para que o 'Estado de Exceção' - com suas torturas física, psicológica e ideológica - não seja esquecido, e no sentido de contribuir no desejo de que não mais aconteça. Afinal, é mister rememorar para não esquecer, porque 'só as feridas lavadas cicatrizam'.
Gilmar de Azevedo
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